terça-feira, 5 de julho de 2011

Jean-Luc Godard_Filme "Vivre sa Vie"



Jean-Luc Godard, Vivre sa vie, França, 1962
Viver a vida....Jean Luc Godard retrata Anna Karina

De Godard dissemos que é um apaixonado das mulheres. Sem o conhecermos, acreditamos também que era imensamente apaixonado por uma mulher, de nome Anna Karina. Porquê tal ideia? Basta ver "Vivre Sa Vie".

"Vivre Sa Vie" é considerado por muitos como a obra-prima de Godard. É de facto um dos seus filmes mais poderosos, por ser dos filmes mais despojados de efeitos, de jogos e de experiências. Um filme profundamente iconoclasta, mas extremamente sóbrio. Apesar da nudez feminina, não há aqui a exploração do corpo da mulher como haverá com Bardot em Le Mepris. Apesar do final da personagem principal, não há aqui uma tendência para a dramatização da vida.

Mais uma vez em Godard não é a narrativa a alavanca do filme. Aqui a história da jovem prostituta que quer finalmente ser alguém, mas que anda a reboque de um universo que não controla, é secundária. É a forma como se conta a história que importa. É como acompanhamos Karina na sua primeira experiência, e nas restantes, e no momento em que ama, e em que explora o seu próprio interior. Nos momentos em que ri e nas horas em que sofre. Não é o seu final que importa. É a forma como ele é mostrado, de forma despodorada e seca, como se estivesse escrito que seria assim, desde o primeiro instante. Não há piedade, não há justiça. Há apenas o decorrer natural das coisas. Quem é Nana, porque sofre, porque quer fugir? Isso não interessa. O que interessa é que dela se extraiu uma história. Do rosto dela se compuseram imagens. E de tudo isso nasceu um filme. O final abrupto da história quer dizer isso mesmo. Ela viveu a sua vida, a sua vida acabou, não há motivo para o filme continuar. Fechem as cortinas, ela morreu, mas o cinema está mais vivo do que nunca.


Obrigado á Cláudia Pinheiro, filha de uns Clientes, apaixonada por Cinema, que me mostrou a beleza destes grafismos e fez questão que eu enquadrasse no projecto, e os imortalizasse no seu mais pequeno e intimo mundo.

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